Ronald Duarte
04.09.2008
http://www.iberecamargo.org.br/content/revista_nova/reportagem_integra.asp?id=260
Ronald Duarte de Oliveira
O artista vencedor da Bolsa Iberê Camargo 2008 para o Maus Hábitos – Espaço de Intervenção Artística, em Portugal, foi Ronald Duarte de Oliveira. O artista propôs ações de intervenção urbana, compostas por três projetos: Banho de Luz, em que pessoas manipularão espelhos, posicionados nos lugares mais altos do Porto, e trocarão reflexos; Alvo Fácil, no qual um alvo será construído com galões de petróleo, que queimarão durante 10 dias; e, Nimbo/Oxalá, em que artistas vestidos de branco e carregando extintores de incêndio formarão uma mandala.
Ronald tem 45 anos e nasceu em Barra Mansa, interior do Rio de Janeiro. Em 1986, ingressou na Escola de Belas Artes da UFRJ e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. De lá para cá, Ronald já participou de mais de 50 exposições coletivas e cinco individuais.
A maior parte do trabalho de Ronald acontece na cidade. “Posso afirmar que o meu trabalho foi se definindo na relação direta com a cidade e na rua na Baixada Fluminense. Nessa época, realizei vários trabalhos com objetos encontrados nas ruas da cidade. Esse foi o começo de uma pesquisa que foi culminar no mestrado”, diz.
Ronald entrou na pós-graduação em Linguagens Visuais/ História da Arte, na UFRJ, em 1996. “Foi um divisor de águas na minha trajetória, em que pude perceber a intimidade que eu já tinha com essa arena ou palco que é a urbe. É quando eu praticamente me distancio das manufaturas ou da construção de objetos para radicalizar nas ações urbanas ou rurais (ecológicas) e nas construções dos aparatos ou dispositivos das ações que quase sempre são efêmeras”, explica.
Apesar de a cidade ser o foco principal de Ronald, seus trabalhos guardam traços do desenho, presente desde o início de sua trajetória. “O desenho sempre foi a base de tudo para mim, do pensamento, da criação; logo tenho a necessidade de desenhar enquanto penso. É uma espécie de materialização instantânea, imediata, que vem... e eu vejo no espaço”, analisa. Nessa linha de trabalhos estão Traçantes, 2003, Festa de São João, realizado no MAC Niterói, em 2005, e Tatuagem Urbana, de 2007.
Um elemento recorrente no trabalho de Ronald é o fogo. Ele é a base de Fogo Cruzado, de 2002, e Língua, de 2004. “Foi Lygia Pape quem me apresentou Heráclito de Éfeso e os seus 136 logos. Foi assim que percebi a presença do fogo, os seus fundamentos ritualísticos e os seus significados – força e ação. O fogo é o início e o fim da matéria”, conta.
Outros elementos da natureza também chamam a atenção do artista e se refletem no seu interesse pelas questões Afro-descendentes. “Acredito na força da cabeça, na força da natureza, da terra, do fogo, dos ventos, das pedras, das águas, das matas, do ar; como na física quântica – ‘o bater das asas de uma borboleta no Brasil, pode criar um maremoto no Japão’. Assim movimento as energias que estão próximas, ao alcance da mão, como em Alvo Fácil”, explica.
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