Artista brasileira, vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Nasceu na Itália em 1942. Emigra para Venezuela em 1954. Em 1958 se inscreve na Escola Nacional Cristóbal Rojas em Caracas no curso de Arte Pura.
Em 1960 se muda para o Brasil. No Rio de Janeiro freqüenta cursos livres de pintura e xilogravura na Escola Nacional de Belas Artes. Maiolino desde o inicio se integra ao novo meio cultural. Em 1967. Ela foi uma das artistas a participar da mostra Nova Objetividade Brasileira, no MAM, Rio de Janeiro, organizada por Hélio Oiticica e assina junto este e com outros artistas a Declaração de Princípios Básicos da Vanguarda. Em mediato de 1971 o Pratt University em Nova York lhe concede uma bolsa de estudo para freqüentar os ateliês do International Graphic Center, Workshop. Neste momento a representação é abandonada e na década de 70 ao trabalho do desenho e gravura, se acrescentam às instalações, filme super 8, vídeos, fotografia. Em 2005, a Pinacoteca do estado de São Paulo realiza a primeira exposição retrospectiva da artista, no Brasil: Entre Muitos – Retrospectiva, com a curadoria de Paulo Venâncio Filho. Esta mesma exposição com o nome “Territories of Immanence” é montada no Miami Art Central, Flórida, USA em 2006.
Em 2007 faz parte da exposição internacional e itinerante: Wack! Art and the Feminist Revolution, no Moca, Los Angeles, e no The National Museum of Women in the Arts, Washington, DC, USA. No mesmo ano participa da exposição: New Perspectives in Latin American Art. 1930–2006: Exposição de Obras de uma década de aquisições, MoMA, New York, U.S.A.
Para este ano de 2009, está sendo preparada: Sine Die, exposição retrospectiva itinerante, que abrange vários aspectos da produção da artista, incluindo vídeos e fotográfias, (Fotopoemação). Mostra que inaugura na Fundação Antoní Tapíes, Barcelona, Espanha e seguirá ao Camden Arts Centre, Londres, Inglaterra.
Obras da artista encontram-se em museus brasileiros, estrangeiros e coleções como o MoMA de Nova York e FRAC Lorraine, de Paris.
A partir da década de 1970, começa a trabalhar com diversas mídias, como a instalação, a fotografia e filmes. Participa, em Curitiba, do 1º Festival do Filme Super-8, premiada com o filme “In-Out, Antropofagia”, seu primeiro trabalho em vídeo. Participa também do Festival Internacional do Filme Super-8, no Space Cardin, em Paris; da 5ª Jornada Brasileira de Curta-Metragem, em Salvador; e do 2º Festival Nacional de Curta-Metragem, na Alliance Française du Brésil, no Rio de Janeiro. No final da década de 1970, a artista passa a se dedicar à performances. Em 1978, realiza “Mitos Vadios”, num terreno baldio da rua Augusta, em São Paulo, e, em 1981, na rua Cardoso Júnior, “Entrevidas”, quando dúzias de ovos de galinha são espalhados pelo chão, para que o público tivesse que driblar um “campo minado”. Na década de 1980, começa a trabalhar com a argila por influência do artista argentino Victor Grippo. Em 1990, recebe o prêmio de melhor mostra do ano, da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA, pela exposição individual realizada em 1989, no Centro Cultural Cândido Mendes. Realiza em Nova York, em 2002, exposição retrospectiva acompanhada do livro “A Life Line/Vida Afora”.
A nova obra da artista Anna Maria Maiolino pode ser definida de uma maneira bastante simples, apesar de ter relações com temas sofisticados. Trata-se de uma grande instalação com 3 mil quilos de argila modelada em um salão. Lá a matéria, que não passa pelo forno, desidrata, petrifica e depois vem a ser reciclada. A argila aparentemente segue padrões como blocos, cilindros e espirais. Há uma desigualdade inevitável entre as peças por terem sido geradas por pulsões diferentes. Apesar disso, a artista é prosaica ao falar sobre o próprio trabalho, que desde o início do mês está em exposição no Camden Arts Centre, em Londres.
– Para Anna, na verdade, é argila modelada. Não tenho nenhuma representação. Quero a presença da entropia, do trabalho realizado – conta a artista, referindo-se a si mesma na terceira pessoa.
Suporte muda, a força não
No nível da estética (uma palavra que ficou velha, prefiro o termo “poética”), as preocupações nascem de certos enfoques no seu interior, certas motivações psíquicas e subjetivas iguais. Um poema fala de maneira diferente de um vídeo. Quando se utiliza diferentes mídias, o discurso se alarga e fica mais rico.
A artista começou seus estudos formais de arte na Venezuela, para onde os pais imigraram antes de tentar a vida no Brasil. Desde 1958 expôs regularmente no país, e quando se mudou para o Rio seguiu aulas de pintura e xilogravura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Nos anos seguintes participou de salões no Brasil e na Venezuela, ganhando prêmios e uma exposição individual em Caracas.
Em 1965, aproximou-se dos questionamentos do movimento conhecido como Nova Objetividade e assumiu como temas dominantes a condição feminina, o cotidiano e a política. São desse período obras com A espera, O herói e Glu-Glu-Glu, xilogravura que mostra um homem fazendo um banquete sobre uma privada.
– Era um momento muito bonito e especial, as utopias estavam no ar apesar dos militares – diz. – A política entra em questão quando me afeta. Meu trabalho não era sobre a ditadura, era sobre a vida.
Em 1968, naturalizou-se brasileira e mudou-se para Nova York com o marido, o artista Rubens Gerchman. Na cidade teve contato com artistas latino-americanos com propostas experimentais de linguagem e abandonou a representação. Voltou ao Brasil em 1972, onde vive desde então, primeiro no Rio e atualmente em São Paulo.
– Considero-me brasileira pela minha formação. Herdei toda a minha mensagem dos artistas mais pungentes e vivos da arte brasileira.
Sua produção a partir da década de 1970 se caracteriza pela diversidade de suportes, primeiro poesia e desenho, depois as mais variadas formas. A instalação Entrevidas, de 1981, consiste num espaço com o piso ocupado com 70 dúzias de ovos naturais de galinha, por onde os visitantes caminham como se estivessem num campo minado. A instalação foi propositalmente concebida num momento particular da vida política do país, da abertura democrática. A argila veio há cerca de 20 anos.
– Eu fazia então muitos desenhos com água, mas quis fechar um ciclo. Quando você vai para uma coisa tão imaterial como desenho com água, é preciso colocar os pés no chão. A argila é terra, o máximo da materialidade – explica.
A busca pela diferença e repetição no trabalho da artista tornou-se consciente em 1993, quando realizou Um, nenhum e cem mil, no Centro Cultural Banco do Brasil, exposição a respeito da identidade inspirada pelo livro de Pirandello. Engana-se quem pensa que a busca pelo tema foi algum filósofo francês:
– Só li Diferença e Repetição (considerada obra maior de Gilles Deleuze, de 1968) em 1997. Era como se eu visse meu pai na mesa, tivesse ilustrado o pensamento dele. Mas cheguei lá através da argila. Quando se está em contato com a matéria, ela ativa seu pensamento, faz com que se busque caminhos materiais. O pensamento acompanha.
Críticas
"(...) se a figuração da primeira fase se disciplinou progressivamente contida e ultrapassada, e se a influência pop do final da década de 1960 caminhou pouco a pouco para a área conceitual, permaneceu na artista o interesse por localizar-se em um espaço. Entre a investigação autobiográfica e a consciência de estar coletivamente no mundo, ocupando espaço e durando no tempo, ela passou a pronunciar-se cada vez mais por mapas. Nesses mapas, visuais e verbais, estão registrados os seus rumos e os acidentes acumulados no percurso. As pinturas sobre superfícies, planas ou em montagens tridimensionais, dos primeiros tempos, foram substituídas pelos desenhos e gravuras, dedicando-se a artista também à produção mais recente de audiovisuais e filmes na bitola Super-8. Em determinados desses trabalhos, as regiões geográficas aparecem claras e perfazem momentos de autobiografia da artista (...). Noutros, sobretudo das últimas fases, há apenas indicações da paisagem, analogias de céu, mar, terra ou apropriações de matérias do mundo concreto - pedras, por exemplo. Aos poucos, até mesmo o resíduo de evidência da paisagem exterior se perde, em troca de uma geografia íntima, mapas psicológicos. (...)". Roberto Pontual PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976. "Os relevos surgem, em parte, dessa reconquista do tátil - tanto no que se refere a quem os faz quanto a quem os vê -, que evolui da relativa frieza do corte, dobra e costura, que ferem a superfície lisa do papel, para o envolvimento sensível das mãos com a argila, relação quase arquetípica do fazer humano. Talvez daí resulte a sensação de atemporalidade, experimentada pela visão dos relevos. A substituição da geometria, preponderante nos desenhos e gravuras dos anos 70, pela atual primazia da intuição tátil, certamente desloca o eixo dos métodos de organização do trabalho, o que é visível em suas configurações bastante diversas. Mas a intuição tátil não implica uma perda de rigor, uma vez que se subordina ao modo pelo qual a imagem vai sendo processada até sua feição definitiva - a moldagem.
Fernando Cocchiarale MAIOLINO, Anna Maria. Anna Maria Maiolino: relevos. Rio de Janeiro: Centro Cultural Cândido Mendes, 1989 "Foi justamente na passagem da pintura para essa forma híbrida que é o relevo - pintura/escultura - que Maiolino parece ter atingido sua maturidade como artista e sua exata significação para a arte brasileira atual.
Tadeu Chiarelli MAIOLINO, Anna Maria. Anna Maria Maiolino: um, nenhum, cem mil. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, 1993. "Ao fazer uma opção pelo pensamento da ação, descobri na frase de Pirandello 'Um, Nenhum, Cem Mil' o sentido que a artista buscava imprimir na sua obra. De fato, uma aunidade que se repete, vai como que desfazendo os limites das diferenças singulares e transformando-se, diante de olhos menos avisados, em massa uniforme, que anula os contornos específicos da forma. Um que é cem mil passa a ser nenhum por uma ação generalizadora do pensamento, que se desvincula da experiência radical do real, em que as coisas pulsam em sua unicidade. Quando Maiolino enfatiza o gesto, como unidade primeira da ação do artista, o que está querendo dizer é que no ato de fazer formas simples como as cobrinhas e os bolinhos (técnicas primeiras da moldagem em argila) há uma retenção, uma marca, da individualidade. O que se repete, então, no ato mesmo do fazer, para além da cobrinha e da bolinha em si, é a unicidade de um gesto que retém a singularidade que o produziu. E mais, cada gesto possui o limite da matéria, e é no jogo entre intenção e materialização, entre gesto e matéria, que se delineiam os contornos singulares da forma. Logo, cada cobrinha ou bolinha, de fato, não é igual à outra". Márcio Doctors MAIOLINO, Anna Maria. Anna Maria Maiolino: um, nenhum, cem mil. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994. |
“Todos esses objetos têm a marca da mão. É a mão que faz, modela, compacta, aperta, amassa, estica. A mão faz, é o molde. Em geral, tudo que a mão realiza no dia-a-dia tende a desaparecer sem nos darmos conta. Até mesmo no próprio momento em que agimos. Ela age e nos esquecemos aquilo que ela toca, apanha, pega, puxa, entre tantas outras ações. De alguma maneira, esses objetos de argila de Anna Maria Maiolino podem muito bem representar o somatório das ações cotidianas que a mão realiza desmemoriadamente. São testemunhos concretos do fazer rotineiro que costuma dissiparse sem registro. Em cada um deles está presente o tempo e a ação necessária para a sua realização. Eles merecem literalmente o nome que designa genericamente o objeto de arte: trabalho.”
Paulo Venâncio Filho
De: Para (Série Fotopoemação), 1974
fotografia,
45 x 50 cm
Coleção da artista
www.museuvirtual.com.br/targets/.../maiolino/.../index.html
www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?...
pt.wikipedia.org/wiki/Anna_Maria_Maiolino
www.canalcontemporaneo.art.br/_.../perfil_individuo.php?...
www.bienalmercosul.art.br/.../anna-maria-maiolino
www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista...
www.itaucultural.org.br/.../index.cfm?...
Nenhum comentário:
Postar um comentário