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domingo, 20 de junho de 2010

Rochelle Costi

Rochelle Costi

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=3195&cd_item=3&cd_idioma=28555

Biografia

Rochelle Costi (Caxias do Sul RS 1961). Fotógrafa e artista multímidia. Forma-se em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Porto Alegre, em 1981. No ano seguinte, permanece seis meses em Belo Horizonte, e freqüenta ateliês de arte na Escola Guignard e um curso de extensão sobre processos fotográficos do século XIX na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG . De volta a Porto Alegre, faz instalações com fotografias e objetos que coleciona, tais como cinzeiros, malas, vidros e lâmpadas. Em 1983, realiza a mostra individual Tentativa de Vôo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli - Margs e, a partir de então, expõe em outros Estados do Brasil. Nessa época, atua como fotógrafa de teatro e música. Em 1988, muda-se para São Paulo, onde trabalha com fotografia editorial. Vive em Londres, entre 1991 e 1992, período em que estuda na Saint Martin School of Art [Escola de Arte San Martin] e na Camera Work. A atuação em jornais e revistas lhe possibilita o contato com ambientes diversos, o que estimula suas pesquisas sobre espaços privados e resulta séries fotográficas em que registra fachadas e interiores de casas. Participa da 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, e das 6ª e 7ª Bienais de Havana, em 1997 e 1999, entre outras mostras internacionais. Em 1997, recebe o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Arte - Funarte e, três anos depois, a Bolsa de Artes da Fundação Vitae.

Comentário Crítico

Rochelle Costi inicia sua trajetória trabalhando com fotografia na área de teatro e música. Passa também a desenvolver trabalhos pessoais, utilizando a fotografia em objetos e instalações. Como nota o crítico de arte Ivo Mesquita, a artista apropria-se de imagens impressas ou de materiais banais, coletados ao acaso, realizando uma intervenção direta e deslocadora no código usual da fotografia e da representação. Alguns trabalhos apresentam composições abstratas elaboradas com base em colagem de imagens fragmentadas, como na série Bandeja, 1995/1996.

Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, a problemática da perda de identidade perpassa toda a produção de Rochelle Costi. A artista explora, com humor e ironia, até sua própria identidade corporal, como em Cinqüenta Horas - Auto-Retrato Roubado, 1992, obra que deriva de sua experiência pessoal como modelo em sessões de pintura. Utiliza ainda a imagem do próprio público, em trabalhos nos quais subverte os limites entre a obra de arte e o espaço da realidade cotidiana.

Na série Escolha, 2005, volta-se para o registro do cenário urbano de São Paulo, fotografando o interior de lojas no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros. Cria também back-lights com fotos da região, que apresentam as pessoas em atividades rotineiras.

A artista trabalha também com vídeo, como em Vigília, 2004, ou em Convite ao Infinito,2005. Nessa última obra, realizada com câmara fixa, filma pessoas correndo sobre o símbolo do infinito, desenhado por ela no chão do Instituto Tomie Ohtake - ITO, em São Paulo, alternando no vídeo a imagem dos participantes da experiência.

Críticas

"Rochelle Costi: trabalhando com a apropriação de imagens impressas, de objetos e materiais banais, de auto-retratos e fotografias, estereótipos e dejetos da cultura material, coletados e colecionados ao acaso, seu trabalho pretende uma intervenção direta e deslocadora no código e na materialidade da fotografia e da representação. As possibilidades de dar a reconstruir uma história através das lembranças que o espectador pode ter dos objetos e imagens, ou do que eles podem conter de autobiográfico, são um esforço no sentido de interromper a amnésia social e cultural a que o homem contemporâneo está exposto pela produção e circulação maciça de imagens. Resgate do sujeito no tempo".

Ivo Mesquita

PANORAMA da Arte Brasileira, 1995. São Paulo: MAM, 1995.


"Rochelle aprendeu cedo que a visão do mundo não ocorre passivamente. 'Aos dois anos de idade acordei um dia vesga'. A partir de então, juntar informação dos olhos passou a depender de exercícios oftalmológicos difíceis e demorados. O mundo era um caleidoscópio cuja conexão Rochelle tinha que aprender a construir. Os exercícios ensinaram que os nexos visuais mais comuns, como a tridimensionalidade ocular, dependem de uma prática atenta. Rochelle passou a construir seu mundo, assim como construíra sua visão. 'Eu levava todo dia para a escola uma frasqueira com as coisas que ia colecionando.' O mundo também é o trabalho associativo de pedaços descontínuos, cujo sentido não está dado de antemão. Ela é uma colecionadora atenta, pois coleciona o meio em que vive. Objetos e imagens dispersos e abandonados pelas ruas são apropriados. As coisas esquecidas e mortas para os outros são ressuscitadas ao entrarem na sua casa-coleção. Através do trabalho fotográfico, a coleção virou um convite".

Felipe Soeiro Chaimovich

PANORAMA da Arte Brasileira, 1995. São Paulo: MAM, 1995. p.26.


"A posse de objetos por colecionadores é, para Walter Benjamin, uma desordem na qual o hábito se acomodou de tal forma que ela só pode aparecer como se fosse ordem e toda ordem é uma situação oscilante à beira do precipício. Percebemos, na ordenação harmoniosa desta coleção de 'Medalhas de Honra' de Rochelle Costi, o caos e a força contaminada dos significados de seus símbolos. A justaposição de sagrados corações, balanças, relicários, coroas, alicates e flores, surpreendidos pela supressão de sua tridimensionalidade, achatados em vermelho-Vaticano, sem um viés de sombra e de matéria, esvaziados pelo efêmero de sua reprodução em imagem, nos transmite a angústia destes objetos deslocados de si mesmos. Mais que isso, denunciam um falso fazer no mundo por um estar entre paredes. A justiça, o amor, a honestidade, as vitórias, dependuradas por um prego, são vitrines que contam a história de aparências, de troféus e medalhas que pretendem a imortalidade, mas que são nada mais que uma imensa mortalha. O caos ordenado daqueles que trocaram a areia fina de seu deserto pela argamassa de uma parede".

Cao Guimarães


Gente, em anexo tem uma entrevista que a Rochelle deu pra Revista Casa Cláudia Luxo em que ela fala sobre a série de fotografias dela que ela chamou de Desmedida. (Juro que a intenção não era fazer propaganda da revista XD)

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