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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Filipa César

1975, cidade do Porto. Atualmente vive e trabalha entre Berlim e Lisboa.
Estudou na Faculdade de Belas Artes do Porto e de Lisboa. Ainda durante a sua licenciatura, em 1997, através da bolsa Erasmus-Sócrates fixou-se na Akademie der Bildenden Künste de Karlsruhe na Alemanha. Regressou a Lisboa para terminar o curso, ao mesmo tempo expôs instalações e apresentou vídeos no espaço acadêmico. Desde logo foi convidada a participar na exposição colectiva “O Império Contra-Ataca”, na Galeria Zé dos Bois e na mostra “Sete Artistas ao Décimo Mês” na Fundação Calouste Gulbenkian, exposição que muito contribuiu para a sua projecção artística. Entretanto parte para Munique para concluir uma pós-graduação, finda a qual se fixou em Berlim.

Os trabalhos em vídeo de Filipa César resultam frequentes vezes de operações minuciosas de registro, apropriação, montagem e transformação de situações comuns que o trabalho da artista reapresenta de modo a confrontarmos a excepcionalidade que previamente apagamos do reconhecimento do cotidiano com as expectativas que construímos acerca da banalidade desse mesmo cotidiano. As obras da artista são por regra o resultado de um olhar atento da realidade, mas uma realidade que a artista desconstrói gerando uma certa estranheza que mais não é do que o puro cotidiano.

Filipa César surgiu em finais dos anos 90,com uma obra onde era evidente a presença de elementos e referências do universo e da linguagem do cinema: a ficção e a ideia de montagem. Mais tarde já vivendo na Alemanha, o interesse pelo cinema tornou-se mais consciente e estendeu-se a um "discurso metacinematográfico com a escoberta de uma abordagem mais experimental do documentário. "As convenções cinematográficas ou televisivas são limitadas", explica. "O nosso pensamento funciona num registo de interligação, associação de imagens, textos, conteúdos, sentimentos, que é muito mais livre e incontrolável. Interessa-me [a montagem] exatamente porque pode tentar traduzir esse pensamento." O lugar da obra proposta por Filipa também é outro que não o da tradicional sala de cinema.

O convite para a participação da artista Filipa César na 29ª BSP surge na sequência do trabalho “Insert” vencedor na edição BES Photo 2009. "Não é fácil trabalhar na vídeo-arte porque é ainda uma espécie de limbo entre a arte e o cinema. A mim não interessa a equação da eficiência. O que me interessa é a perceção", salientou a artista, a quem os amigos costumam perguntar "porque escolhe trabalhos tão difíceis?". O projeto de Filipa César para a última fase do BES Photo, intitulado "Memograma", inclui dois filmes e uma série de fotografias sobre o processo de censura da película "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant" do realizador alemão Rainer Werner Fassbinder.

Para um dos filmes entrevistou várias pessoas em Castro Marim, cidade de fronteira que foi lugar de exílio para mulheres homossexuais durante o Estado Novo e terra de contrabando, e noutro filme é descrita a história e memória deste lugar no contexto português, apresentado como "um mapa, uma textura de memórias".


Memograma, 2010. Imagem do filme.

Memograma, 2010. Fotograma por Marco Martins.


The Four Chambered Heart, 2009.

Fontes
Filipa César na Fundação Serralves (português)
Filipa César e os fantasmas no presente (Ípsilon - português)
Filipa no ArtNews.org (inglês)
BES Photo recompensa trabalho difícil de Filipa César... (português)
Yonamine e Filipa César na Bienal de São Paulo e Manifesta8 (português)
No blog jugular (português)

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