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domingo, 20 de junho de 2010

José Leonilson

Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson muda-se para São Paulo ainda pequeno, e logo cedo começa a demonstrar o seu interesse pela arte. Passa pela escola Panamericana de Arte e depois entra no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, saindo sem terminá-lo para se tornar um dos grandes expoentes da arte brasileira contemporânea. Na década de 80, faz parte da geração de artistas que revolucionaram o meio artístico brasileiro com a retomada do "prazer" da pintura e participa da Bienal de São Paulo de 1985. Mas é nos primeiros anos da década de 90, que o artista vai se firmar como um de nossos destaques no panorama cultural brasileiro com uma obra contundente, expressando como nem um outro, os dramas e as angústias do homem contemporâneo. 
O artista faleceu jovem em São Paulo, em 1993, deixando uma obra autêntica que buscou incansavelmente a intensidade poética individual. Na Bienal de São Paulo de 1998, foi homenageado com uma sala especial. A imagem de uma escultura foi o motivo do emblema do evento e o detalhe de um desenho a imagem do cartaz.
Cronobiografia
José Leonilson Bezerra Dias nasce em Fortaleza, Ceará, no dia 1º de março de 1957. 

Em 1961, Leonilson muda-se com a família para São Paulo. Ingressa no curso de Licenciatura em Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1977, freqüentando as aulas dos artistas Nelson Leirner, Júlio Plaza e Regina Silveira. Nesta época, divide atelier com o artista Luiz Zerbini. 

Em 1979, participa da sua primeira exposição coletiva "Desenho Jovem", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. O curso da FAAP é abandonado em 1980 e, ano em que ele participa da mostra "Panorama da Arte Atual Brasileira/Desenho e Gravura", no Museu de Arte Moderna de São Paulo. 

Sua primeira viagem ao exterior acontece em 1981. Em Madrid, Leonilson realiza sua primeira exposição individual na Galeria Casa do Brasil. Visita diversas cidades européias. Participa da exposição "Giovane Arte Internazionale", Galleria Giuli, em Lecce. 

Em 1982 volta à Europa e viaja pela Itália, Alemanha e Portugal. Expõe individualmente na Galeria Pellegrino, em Bolonha. 

Realiza duas exposições individuais em 1983, em São Paulo, na Galeria Luisa Strina e no Rio, na Galeria Thomas Cohn. Conhece Leda Catunda. Viaja para Paris em 1985 para participar da "XIII Nouvelle Bienale" e visita Milão e Bologna. Viaja para Buenos Aires para participar da exposição "Nueva Pintura Brasileña", no Centro de Arte y Comunicación, e conhece Daniel Senise. Participa da "XVIII Bienal Internacional de São Paulo"e conhece o artista alemão Albert Hien. Ainda neste ano realiza exposições individuais na Galeria Luisa Strina, Thomas Cohn Arte Contemporânea e no Espaço Capital em Brasília.

Leonilson e Albert Hien, na Alemanha, 1986.
Viaja para Europa em 1986 e expõe na Galerie Walter Storms com Albert Hien em Munique. Recebe o convite para hospedar-se na "Villa Waldberta" de 1º de maio a 15 de junho de 1987. Participa das exposições coletivas "A Nova Dimensão do Objeto", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e "Transvanguarda e Culturas Nacionais", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. 

Em 1987, viaja para Europa, e, pela primeira vez, vai para Nova York. Expõe nas individuais "O Pescador de Palavras" na Galeria Luisa Strina, "Moving Mountains", no Kunstforum, Munique, e na Galeria Usina Arte Contemporânea em Vitória, Espírito Santo. Participa de várias exposições coletivas, como "Modernidade", no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, e no Museu de Arte Moderna de São Paulo. 

Em 1988, expõe individualmente na Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea "O Inconformado". Vai para Nova York, Paris, Berlim e Amsterdã e participa de várias mostras coletivas: "Albert Hien/Leonilson" e "Seven Artists on Invitation", na Pulitzer Art Gallery, em Amsterdã; "Brasil Já", no Museum Morsbroich, em Leverkusen, na Galerie Landesgirokasse, em Stuttgart, e no Sprengel Museum, em Hanover. 

Em 1989 viaja para a Europa e Nova York. Neste ano, o Ministério da Cultura da França encomenda uma gravura comemorativa dos 200 anos da Revolução Francesa para vários artistas, entre eles Leonilson. Exposição individual "Leonilson" na Galeria Luisa Strina; "Nada Hás a Temer", na Gesto Gráfico, em Belo Horizonte; e os "Bombeiros Não São Corruptos", na Espaço Capital. Participa da exposição "Panorama da Arte Atual Brasileira/Pintura, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. 

Em 1990, vai a Londres (duas vezes), Nova York, Paris, Veneza e Amsterdã. Começa a gravar fitas, registrando idéias, tendo em vista o projeto de um livro que será realizado por seu amigo Ricardo Ferreira conforme era seu desejo. 

Exposição individual na Pulitzer Art Gallery. Recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Salão Nacional. 

Em março de 1991 inicia as ilustrações da coluna semanal de Barbara Gancia no jornal Folha de S. Paulo, até maio de 1993. Viaja para Nova York, Los Angeles e Chicago. Em agosto, um teste revela que Leonilson é soropositivo ao vírus HIV. Participa das exposições "Viva Brasil Viva", no Liljevalchs Konsthall, em Estocolmo, e "Brasil: la Nueva Generacion", na Fundación Museo Bellas Artes, em Caracas. 

Em 1992 organiza a exposição "Um Olhar sobre o Figurativo" para a Galeria Casa Triângulo, em São Paulo. Viaja para Amsterdã, Munique, Paris e Nova York. Participa das exposições coletivas "X Mostra de Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América", no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba e "Pintura Brasil Década 80", organizada pela Itaú Galeria, e realiza a série de 7 desenhos intitulada "O Perigoso". 

Em 1993, expõe em individuais na Galeria São Paulo e Thomas Cohn Arte Contemporânea. Participa da exposição coletiva itinerante "Cartographies", na Winnipeg Art Gallery, Winnipeg. 

Leonilson cria seu último projeto, uma instalação na Capela do Morumbi, São Paulo, mas não chega a vê-lo realizado. 

Em 28 de maio, falece em São Paulo. 

Palavra

A palavra e o texto na obra de Leonilson estiveram presentes desde os trabalhos iniciais e integra-se às imagens, transformando-se nos próprios desenhos ou pinturas. São palavras e textos ora bordados sobre tecidos ora apenas riscados sobre o papel. 
A escrita entra livre em sua obra ao fazer uso indiferenciado e livre de regras gramaticais em vários idiomas, escolhidas simplesmente pela musicalidade dos versos ou palavras. Leonilson comete erros ortográficos propositais para atender ao capricho de uma sonoridade poética ou dar uma conotação autobiográfica a palavra. 
Mas é "nos desenhos de 1989", como o próprio artista diz em entrevista à crítica de arte Lisette Lagnado, que "a palavra entrou realmente nos trabalhos. Eu estava muito apaixonado. Ficava sozinho, sem saber direito o que fazer. Então pensei em escrever nos desenhos em vez de ficar escrevendo em cadernos."


Site do projeto Leonilson


Pequeno Reino  C 1987  Aquarela e tinta preta a pena sobre papel  24,5 x 32,5 cm 


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