Apichatpong Weerasethakul, (Bangkok, 1970) é um realizador (diretor de cinema) do cinema independente tailandês. Criado em Khon Kaen, no nordeste da Tailândia, é licenciado em arquitetura pela Universidade de Khon Kaen e obteve um mestrado em Belas Artes na School of the Art Institute de Chicago. Em 1999 fundou Kick the Machine, uma companhia que se dedica ao fomento do cinema experimental e independente.
Além de se acostumar com o nome quase impronunciável do diretor, o público que quiser se familiarizar com os filmes do tailandês precisa saber que não encontrará neles o mesmo padrão estético e narrativo confortável que se vê em Hollywood - o que não significa, claro, que seus longas sejam inferiores ao cinemão a que estamos acostumados.
"O que tento fazer é apresentar um tipo diferente de cinema, que força os limites, que desafia as plateias a pensar nas possibilidades que o cinema é capaz de trazer", disse o diretor em entrevista coletiva logo após a entrega da Palma de Ouro em Cannes.
"Sinto que aqui, nos Estados Unidos, na Tailândia e até no Cambódia estamos rendidos a uma monocultura que obedece a uma mesma lógica de narrativa e impede uma minoria cultural de expressar o seu próprio modo de fazer as coisas. Vejo o cinema como um dos componentes que pode forçar o entendimento dessas diferenças na cultura", concluiu.
Antonio Manuel (Avelãs de Caminho, Portugal, 1947). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Antonio Manuel nasce em Portugal e vem para o Brasil em 1953, fixando-se no Rio de Janeiro. O artista possui uma obra que alia, de maneira singular, um forte acento político sem perder de vista as investigações estéticas. No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Cria uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas. Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a idéia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor. Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz “o exercício experimental da liberdade”. De lá para cá, a pintura passa a fazer cada vez mais parte de sua obra.
Em 2000, expôs na Fundação Serralves, Porto, Portugal. Em 2007, o CCBB de São Paulo abriga um grande mostra do artista, intitulada “Fatos”, com curadoria de Paulo Venâncio Filho.
No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Passa, em seguida, a utilizar o flan - cartão plastificado em relevo, que é a matriz para a impressão de jornais. Chega a elaborar os próprios flans, inventando as notícias; e os jornais impressos são distribuídos nas bancas, como se fossem autênticos. Cria uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas.
Em 1968, na exposição Apocalipopótese, realizada no Aterro do Flamengo, cuja proposta, idealizada por Hélio Oiticica (1937 - 1980) e Rogério Duarte, era ser uma experiência coletiva de arte, Antonio Manuel apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira fechadas e lacradas, que deveriam ser arrebentadas pelo público, para que pudesse ser conhecido seu conteúdo. Nas caixas o artista coloca textos referentes a situações políticas ou estéticas ao lado de imagens relacionadas à violência, recortadas de jornais. Como em outros trabalhos do período, o evento convida à participação do espectador, que passa a ser co-realizador da obra. Esses trabalhos relacionam-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação.
Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a idéia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor. Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz "o exercício experimental da liberdade". A partir desse momento, seu interesse centra-se na questão do corpo e seus sentidos.
Antonio Manuel realiza vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976). Desde a década de 1980, dedica-se à pintura em acrílico e realiza telas de caráter geométrico-abstrato, em que explora a sugestão de labirinto. Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma, um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço da galeria. O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Segundo o artista, a fotografia que integra a exposição é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passa a viver escondido, perdendo sua identidade. Com utilização de várias formas de expressão, a obra de Antonio Manuel traz um caráter de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.
No CCBB de São Paulo,
Fatos de Antonio Manuel faz
revisão histórica do Brasil
O Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo não poderia comemorar melhor seus 6 anos de atuação na cidade com a mostra Fatos, de Antonio Manuel. Com essa exposição, que ocupa os três andares do edifício, o CCBB apresenta 70 obras do artista produzidas de 1960 até os dias atuais. Para Marcos Mantoan, diretor do CCBB de São Paulo, através das obras do artista pode-se fazer uma revisão da história recente do país.
Com curadoria de Paulo Venancio Filho, a mostra apresenta um trabalho produzido nos mais variados suportes que acompanham os 40 anos de produção do artista. Entre os trabalhos, há uma instalação inédita realizada especialmente para ocupar o espaço da rotunda (na entrada do edifício), uma nova versão de Vagalume (1980), e a construção de uma série de Muros criada para dialogar com a arquitetura do espaço. Também, pela primeira vez, será apresentado o conjunto integral dos Flans (1968-1975) – feitos a partir destas matrizes de jornal utilizadas no processo de impressão – que realizado em um período de intenso autoritarismo político deu origem a uma importante obra manifesto contra a repressão: trazia a tona materiais censurados e por vezes, fundia notícias paralelas à impressão original do jornal (projeto clandestinas). Além disto, estão presentes trabalhos fundamentais como Corpobra (1970), Soy Loco por Ti (1969), Repressão outra vez – eis o saldo (1968), Frutos do espaço (1980) e uma seleção de pinturas realizadas desde o início dos anos 80 até hoje, mostrando a originalidade e pluralidade dos meios e a diversidade poética da obra.
A obra de Antonio Manuel atravessa um período decisivo e crítico da arte brasileira recente. Ao final dos anos 60, escreve Paulo Venancio Filho, ele está próximo das radicais experiências de Hélio Oiticica, de quem foi grande amigo, Lygia Clark e Lygia Pape; pesquisas que promoviam a participação do espectador, a expansão da sensorialidade e a desintegração da obra de arte. Com o endurecimento do regime militar, nos anos 70, seu trabalho vai procurar outras formas de expressão artísticas, como performances e instalações, manifestando sempre uma energia libertária e antiautoritária. A partir dos anos 80, se dedica a uma releitura absolutamente original do espaço pictórico construtivo/neoconcreto e realiza uma de suas mais admiradas instalações intitulada Fantasma (1995): trágica e poética homenagem às anônimas vítimas da violência urbana do Rio de Janeiro, apresentada na Bienal de São Paulo, em 98, e no Jeu de Paume em Paris, em 98/99.
“Rompendo como os limites institucionais da arte, postulando uma estratégia de vanguarda ao tomar a ação artística como fator de transformação social – herança, em parte, da tradição construtiva a qual emprestou conteúdos explosivos – Antonio Manuel desenvolve uma produção original, que inclui objetos, performances, manifestações ambientais, filmes e gestos inovadores radicais como O Corpo é obra”, escreve Paulo Venancio Filho. Prossegue, “a extraordinária pintura que o artista desenvolve a partir dos anos 1980 articula elementos das linguagens geométricas, modulando ritmos complexos e paradoxais de linhas e saturações cromáticas”.
Nascido em Avelãs de Caminho, Portugal - onde ganhou uma grande retrospectiva, no Museu Serralves (2000) –, Antonio Manuel chega ao Brasil em 1953. Começa a expor ainda muito jovem, aos 18 anos. Ao final dos anos 60 torna-se figura significativa do ambiente artístico do Rio de Janeiro, representando um decisivo elo de passagem entre os trabalhos de Hélio Oiticica e Lygia Clark e o traumático ambiente cultural e político dos anos 70. Hoje, Antonio Manuel tem seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, sendo a sua mais recente grande exposição realizada no Chipre, em 2005. “A poética construtiva, a contestação política, o corpo como suporte da obra, o imaginário cotidiano da mídia são os dados iniciais que seu trabalho articula e elabora”, completa o curador.