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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Antonio Manuel



Antonio Manuel (Avelãs de Caminho, Portugal, 1947). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Antonio Manuel nasce em Portugal e vem para o Brasil em 1953, fixando-se no Rio de Janeiro. O artista possui uma obra que alia, de maneira singular, um forte acento político sem perder de vista as investigações estéticas. No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Cria uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas. Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a idéia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor. Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz “o exercício experimental da liberdade”. De lá para cá, a pintura passa a fazer cada vez mais parte de sua obra.

Em 2000, expôs na Fundação Serralves, Porto, Portugal. Em 2007, o CCBB de São Paulo abriga um grande mostra do artista, intitulada “Fatos”, com curadoria de Paulo Venâncio Filho.

No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Passa, em seguida, a utilizar o flan - cartão plastificado em relevo, que é a matriz para a impressão de jornais. Chega a elaborar os próprios flans, inventando as notícias; e os jornais impressos são distribuídos nas bancas, como se fossem autênticos. Cria uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas.

Em 1968, na exposição Apocalipopótese, realizada no Aterro do Flamengo, cuja proposta, idealizada por Hélio Oiticica (1937 - 1980) e Rogério Duarte, era ser uma experiência coletiva de arte, Antonio Manuel apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira fechadas e lacradas, que deveriam ser arrebentadas pelo público, para que pudesse ser conhecido seu conteúdo. Nas caixas o artista coloca textos referentes a situações políticas ou estéticas ao lado de imagens relacionadas à violência, recortadas de jornais. Como em outros trabalhos do período, o evento convida à participação do espectador, que passa a ser co-realizador da obra. Esses trabalhos relacionam-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação.

Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a idéia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor. Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz "o exercício experimental da liberdade". A partir desse momento, seu interesse centra-se na questão do corpo e seus sentidos.

Antonio Manuel realiza vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976). Desde a década de 1980, dedica-se à pintura em acrílico e realiza telas de caráter geométrico-abstrato, em que explora a sugestão de labirinto. Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma, um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço da galeria. O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Segundo o artista, a fotografia que integra a exposição é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passa a viver escondido, perdendo sua identidade. Com utilização de várias formas de expressão, a obra de Antonio Manuel traz um caráter de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.

No CCBB de São Paulo,
Fatos de Antonio Manuel faz
revisão histórica do Brasil


O Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo não poderia comemorar melhor seus 6 anos de atuação na cidade com a mostra Fatos, de Antonio Manuel. Com essa exposição, que ocupa os três andares do edifício, o CCBB apresenta 70 obras do artista produzidas de 1960 até os dias atuais. Para Marcos Mantoan, diretor do CCBB de São Paulo, através das obras do artista pode-se fazer uma revisão da história recente do país.
Com curadoria de Paulo Venancio Filho, a mostra apresenta um trabalho produzido nos mais variados suportes que acompanham os 40 anos de produção do artista. Entre os trabalhos, há uma instalação inédita realizada especialmente para ocupar o espaço da rotunda (na entrada do edifício), uma nova versão de Vagalume (1980), e a construção de uma série de Muros criada para dialogar com a arquitetura do espaço. Também, pela primeira vez, será apresentado o conjunto integral dos Flans (1968-1975) – feitos a partir destas matrizes de jornal utilizadas no processo de impressão – que realizado em um período de intenso autoritarismo político deu origem a uma importante obra manifesto contra a repressão: trazia a tona materiais censurados e por vezes, fundia notícias paralelas à impressão original do jornal (projeto clandestinas). Além disto, estão presentes trabalhos fundamentais como Corpobra (1970), Soy Loco por Ti (1969), Repressão outra vez – eis o saldo (1968), Frutos do espaço (1980) e uma seleção de pinturas realizadas desde o início dos anos 80 até hoje, mostrando a originalidade e pluralidade dos meios e a diversidade poética da obra.


A obra de Antonio Manuel atravessa um período decisivo e crítico da arte brasileira recente. Ao final dos anos 60, escreve Paulo Venancio Filho, ele está próximo das radicais experiências de Hélio Oiticica, de quem foi grande amigo, Lygia Clark e Lygia Pape; pesquisas que promoviam a participação do espectador, a expansão da sensorialidade e a desintegração da obra de arte. Com o endurecimento do regime militar, nos anos 70, seu trabalho vai procurar outras formas de expressão artísticas, como performances e instalações, manifestando sempre uma energia libertária e antiautoritária. A partir dos anos 80, se dedica a uma releitura absolutamente original do espaço pictórico construtivo/neoconcreto e realiza uma de suas mais admiradas instalações intitulada Fantasma (1995): trágica e poética homenagem às anônimas vítimas da violência urbana do Rio de Janeiro, apresentada na Bienal de São Paulo, em 98, e no Jeu de Paume em Paris, em 98/99.


“Rompendo como os limites institucionais da arte, postulando uma estratégia de vanguarda ao tomar a ação artística como fator de transformação social – herança, em parte, da tradição construtiva a qual emprestou conteúdos explosivos – Antonio Manuel desenvolve uma produção original, que inclui objetos, performances, manifestações ambientais, filmes e gestos inovadores radicais como O Corpo é obra”, escreve Paulo Venancio Filho. Prossegue, “a extraordinária pintura que o artista desenvolve a partir dos anos 1980 articula elementos das linguagens geométricas, modulando ritmos complexos e paradoxais de linhas e saturações cromáticas”.

Nascido em Avelãs de Caminho, Portugal - onde ganhou uma grande retrospectiva, no Museu Serralves (2000) –, Antonio Manuel chega ao Brasil em 1953. Começa a expor ainda muito jovem, aos 18 anos. Ao final dos anos 60 torna-se figura significativa do ambiente artístico do Rio de Janeiro, representando um decisivo elo de passagem entre os trabalhos de Hélio Oiticica e Lygia Clark e o traumático ambiente cultural e político dos anos 70. Hoje, Antonio Manuel tem seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior, sendo a sua mais recente grande exposição realizada no Chipre, em 2005. “A poética construtiva, a contestação política, o corpo como suporte da obra, o imaginário cotidiano da mídia são os dados iniciais que seu trabalho articula e elabora”, completa o curador.






Fantasma, de Antonio Manuel, 1998 – Bienal SP


http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/

http://alerib.wordpress.com/2007/11/20/

http://www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?page_id=154

http://www.coresprimarias.com.br/ed_9/antonio_manuel_p.php


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